quinta-feira, 12 de novembro de 2015

SAUDADES - NILSE BERNAL S. FRAGOSO

SAUDADES

Não é simples falar de saudades, existem aquelas que são dos momentos singulares e alegres e outras das inúmeras perdas que a vida nos impõe. Chego até a pensar das coisas que sonhamos e deixamos de construir. É como a saudade do não realizado, do momento perdido, que poderia ter sido diferente e não foi, por culpa nossa ou das circunstâncias.

Existe também a saudade de quem está próximo, mas não é mais a mesma pessoa, porque deixou de ser  como a conhecíamos, anteriormente. A saudade do ser querido,acometido de doenças, que está alí, mas não tem mais lembrança de si mesmo, nem  de você,

Minha mãe, Ignez , me disse que ouviu um poema que dizia: se tens que me dar uma flor, faze-o agora. O hoje tornar-se-á a saudade do amanhã e a flor de amor, consideração e carinho, negada agora, poderá ser o arrependimento, ou a oportunidade esvaziada para sempre, sem recuperação. Nascemos e vivemos para ser e construir algo e tudo vai passando tão depressa que esquecemos dos verdadeiros valores. O tempo não espera por ninguém, os filhos crescem e seguem seus caminhos e ainda os vemos em nossos braços, ninando-os, é como um vento forte que passa levando tudo, girando com vigor e sem piedade. Somos cheios do adeus e da dor da ausência, então novas coisas surgem para dar- nos condições de não perder a vontade de seguir nossa caminhada. O caminho às vezes é longo, ás vezes curto demais e no amaranhado  de cruzamentos e bifurcações as surpresas nos unem e nos afastam.

Quem me dera ter condições de em um só abraço esconder e acolher no coração tantas vidas preciosas,  espalhadas no tempo e no espaço e senti-las perto, sem receio algum.

Apagar todos os erros e ter somente boas histórias para contar, não sentir a lembrança do equívoco e a lamentação da flor que murchou, sem ter sido oferecida no tempo certo. Dia de finados dia em que vidas tiveram fim, dia de imensa dor e saudades, onde flores são colocadas sobre túmulos.


Ao encontrar alguém que precisa de uma simples e única flor entregue-a hoje, acompanhada de afetividade e consideração, antes que a vida passe, a esperança murche e a saudade não possa mais fazer o que sua insensibilidade deixou passar.


Nilse Bernal S. Fragoso

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