Está chegando a primavera e a paisagem se modifica.
Contudo, nossos olhos preocupados com os cuidados da vida,
muitas vezes não veem o desabrochar de uma flor, não percebem que existe outro
lado de beleza que nos cerca. O inverno da alma nos congela e cega, então
deixamos que nossa percepção seja fechada para a diversidade das folhagens,
plantas, ramos e flores.
A mente que está
diante do brilho de uma nova estação, está também distraída e se esquece da
contemplação. No árduo asfalto da insensibilidade seguimos sem pisar na terra,
na grama e na alegria. Não saímos da clausura para passear entre jardins.
Não deixamos o vento
nos abraçar, nem que a paz nos regue.
Somos escravizados pela visão turva do ter e fazer continuamente.
Como podemos ser
pobres diante da imensa riqueza da natureza? Temos medo das cores e do
resplandecer, fugimos da luz do sol e nos escondemos na dor.
Porém ao ser revelado o valor do triunfante encanto, num
momento inusitado, como um relâmpago (que neutraliza a solidão da mesmice),
podemos ver que não existe vazio que não possa ser preenchido pelo poder
glorificante do Deus da criação.
Então podemos ser livres e acompanhados pelas virtudes da
multiplicidade da vida, reagir e sair da toca, respirando novos pensamentos,
que reestruturem nossas motivações.
Em busca do equilíbrio divino anunciado, torna-se possível a
esperança, convidando-nos para novas venturas.
Somente acordados pela fé entendemos: A primavera é mais uma
das infinitas e maravilhosas obras, que anunciam a glória de Deus.
Nilse Bernal S. Fragoso
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